Saúde mental: bullying familiar causa feridas e deixa marcas desde a infância
Prática é camuflada por comentários depreciativos, peso, escolhas ou desempenho escolar
Agressões verbais, humilhações, comparações, ironias e rejeições acontecem entre parentes dentro do próprio lar. Apesar de os comportamentos serem naturalizados como brincadeiras e formas de educar, as marcas podem acompanhar as vítimas por décadas.
De acordo com o psicólogo Jorge Luís Borges, o bullying familiar é mais comum do que se imagina e costuma acontecer de forma silenciosa, camuflado por comentários depreciativos sobre aparência, peso, escolhas, comportamentos ou desempenho escolar.
“Temos aquele pressuposto de que as famílias estão ali para apoiar, dar suporte a respeito das escolhas, das possibilidades onde a vida se desdobra, mas, muitas vezes, a cultura de cada um acaba prejudicando ao invés de ser suporte”, explicou o especialista.
Limites
Por mais que tais situações possam ocorrer com qualquer pessoa, mulheres tendem a sofrer mais, uma vez que, desde cedo, são pressionadas por padrões estéticos, cobranças emocionais e expectativas sociais, nas quais se manifestam de diversas formas.
“O discurso religioso, muitas vezes, dá suporte para o machismo porque algumas mulheres de conduta mais conservadora acham que uma outra precisa suportar todos os absurdos de um casamento, além do desrespeito e autoritarismo dos homens”, disse Jorge Luís.
A compreensão de que palavras ferem precisa ser o primeiro passo para transformar ambientes familiares em espaços de cuidado, respeito e saúde emocional. A terapia ajuda a identificar padrões nocivos, fortalecer a autoestima e aprender a estabelecer limites.
“Se eu tenho consciência de que pessoas próximas a mim poderiam me auxiliar, mas não estão fazendo isso, eu tenho o dever e a responsabilidade de cuidar de mim de outras formas”, ressaltou o psicólogo.
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